quinta-feira, 8 de julho de 2010

O Andarilho Solitário

Frio e sonolento era o olhar do andarilho que passou pela rua deserta naquele dia nebuloso de outono. Parecia contente com algo. Um mistério para aqueles que não podiam penetrar em seu íntimo. Um homem que andava, apenas. Seu rumo? Não se sabe até hoje... Sua origem? Ainda indecifrável. Mas o certo é que caminhava em busca de seus sonhos, se é que tinha algum... Cruzou o percurso de muitos e comumente deixava um alento de melancolia. Seu olhar impenetrável paralisava qualquer um que se atrevesse a dirigir-lhe a visão. O enigmático andarilho chamava por alguém, mas era impedido pelo fúnebre silêncio do ambiente. Andava e não se cansava de procurar maneiras de chegar a seu fausto destino. Nessa jornada, encontrou com pessoas que se disporam a ajudar-lhe, mas recusou o auxílio. Na verdade era forte e obstinado o suficiente para chegar sozinho onde queria. Se não o era verdadeiramente, chegava a ser em crença particular. Com o tempo a seu favor fez com que as portas se abrissem em sua presença. O céu tornou-se palpável. Sua existência, horrenda para uns, irônica para outros, soava como bizarra e sórdida para quem desejasse entender ou acompanhar seu rumo. Tudo isso não acrescentava em nada na vida do solitário andarilho, que continuava ordinariamente em seu errante labor. A esperança sustentava o viajante em seu objetivo. Heroicamente permanecia em seu rumo. A pé, de taxi ou de ônibus. Ele continuou a percorrer seu subjetivo destino com glória. Lembrava sempre das manhãs e tardes de buscas e encontros com coisas que não conhecia ou não sabia do paradeiro. Finalmente, o andarilho chega ao lugar idealizado. Drasticamente, porém, percebe que não era bem o que queria... Muda-se novamente... E como um nômade paleolítico, parte errante pelo espaço a sua frente. Em busca de algo que desconhece e que sente vital necessidade de possuir. O mais intrigante, porém, é que não teme decepcionar-se novamente. Quer apenas firmar sua passagem pelo mundo...

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